quarta-feira, 26 de junho de 2013

Entre tapas e beijos

Como é difícil reconhecer que amo alguém que eu odiei a vida toda: meu pai.
Meu pai, que fez com que o amor que sentia por ele fosse suprimido pela raiva, medo, ódio, rancor e monsprezo (dele para comigo) e o contrário (de mim para ele).
Como percebi?
Por que o vizinho onde moro teve a necessidade de instalar cabo de rede para a internet dele.
Pois, eu tomei a iniciativa (conscientemente) de lhe agradar. Comprei o que ele precisa.
Enfim, ele chegou. E reconheci nele o garoto por quem me apaixonei aos 12 anos (hj tenho 25): branco, sorriso sincero e olhos de mel. E lhe dei o fio de internet e fomos medí-lo.
Tive sim a oportunidade de dar em cima dele.
Mas, não era assim que queria.
QUERIA QUE FOSSE RECÍPROCO: POR QUE EU SÓ QUERIA SE ELE TAMBÉM QUISESSE.
Não, não é idiotice.
Isso se chama cumplicidade.
Confesso: sabia exatamente o que fazer para "comê-lo" (mas tive que me segurar, porque queria que ele também quisesse.)
Aliás, ele não é "comida", como hambúrguer, hot dog ou churrasco.
Ele é uma pessoa e merece ser amado(a).
Não quero somente transa, quero o "encontro das almas".
E eu entregaria a minha.
Estava querendo e pronto pra isso naquele momento.
Mas, quero que ele também queira. Me queira.
Não terei problemas em esperar.
Mas, também saberei criar as oportunidades, sendo um verdadeiro gentleman.
Aí quando retorno pra casa, depois de ver aquele sorriso pueril (não sou pedófilo), me veio a mente a idéia do meu pai e o que eu realmente sentia por detrás de tanto ódio, mágoa, rancor, medo e pavor.
Não, não tem nada a ver com perdão cristão, mas com o reconhecimento sincero do que eu realmente sentia em relação aos meus sentimentos para com homens, sendo ele o primeiro que possivelmente projetei minhas aspirações, sentimentos, desejos e vontades.
Encontrar respostas é encontrar-se consigo mesmo e isso pode gerar paz de espírito (e nada de bhrama ou céu), segurança e etc. Apenas aquieta a alma e te dá direção.
Tenho muito a trabalhar do que sinto em relação ao meu pai.
Sei que sou capaz de amar outros garotos e garotas.
Mas, se eu me resolver, eu posso amar melhor. Posso oferecer um amor que ele(a) mereça.
É isso: eu amo quem eu odiei a vida toda: meu pai.

2 comentários:

Rubens disse...

Minha relação com o meu pai era muito boa até o dia da morte dele, quando eu tinha 12 anos, idade onde eu tomei consciência da minha predileção por meninos.

Meu pai nunca teria me aceitado e por isso guardei por um tempo um sentimento de relaxamento pelo fato de a morte dele me poupar de dar satisfações a ele em relação a minha sexualidade.

Hoje eu já superei isso, respeito muito a memória do meu pai, pelo que ele foi comigo e também por sua jornada que aprendi a admirar.

Unknown disse...

Eu agora entendo o que realmente sentia pelo meu pai (o que sentia primeiro, sem qualquer reação dele): eu o amava. Mas, a contradição entre dar presentes e apanhar dele me fez questionar se ele sentia o mesmo que eu, além de gerar inferioridade, dúvidas, confusão, ódio, raiva e omissão.
É difícil reconhecer que vc amava , por dentro, no subconsciente, quem você falava pra todos que odiava.
Esse sentimento (amor) é interno, e não preciso mais demonstrar pra ele isso.
Eu sei que o pai que eu procurava pra amar vou encontrar em muitos garotos, na projeção daquilo que sempre desejei.
Rubens, talvez agora vc reconheça o que realmente sentia por ele e que antes não era tão claro. Isso é ótimo, pq vc não precisa provar mais pra ninguém o que sentia. Vc ser consciente disso já é suficiente pra te tornar mais feliz. E isso demonstra maturidade.