sexta-feira, 14 de junho de 2013

A vida em risco... de um palito

A imagem ao lado retrata como poderia ter ficado minha cozinha se tivesse tentado fazer café pela manhã da quarta-feira Nesse dia, mais ou menos às 16:30 hs chego do serviço em casa.
Abro a porta e sinto um cheiro de gás.
No mesmo momento, entro, abro totalmente a porta, e suspendo a cortina.
Abro a porta do banheiro, a porta e a janela do quarto e saio para a rua.
Ainda assustado ligo para minha mãe.
Ela ficou aliviada por eu estar vivo e ao mesmo tempo percebo sua preocupação.
Ela, então, questiona se eu reparei se tinha algum botão do fogão aberto.
Respondi que não havia verificado.
Então, entro em casa e indo até o fogão percebo um dos botões ligados. Fecho-o, além de fechar a torneira do bujão de gás. Só aí percebo que havia esquecido o botão ligado.
Ela me orienta a ficar do lado de fora e não ligar nada elétrico ou acender fogo. Só reforçava o que já tinha pensado em não fazer. E me pergunta se tinha usado o fogão pela manhã pra fazer café ou algo. E digo que não, tinha tomado nescau pronto. Aí percebo que tinha esquecido o botão ligado desde a noite do dia anterior, e que poderia ter morrido intoxicado enquanto dormia ou numa explosão ao tentar ligar algo que produzisse faísca. E olha que liguei a sanduicheira pela manhã. Que sorte não ter pensado em fazer café. A preguiça me salvou.
Fiquei por um bom tempo do lado de fora, cerca de meia a uma hora até entrar para dentro da casa. E ainda permanecer com portas e janelas abertas. Durante esse tempo, recebo uma mensagem da minha irmã dizendo para eu não ligar a lâmpada da cozinha até as 19:00 hs.
Ligo ainda para o único colega que fiz na cidade que resido há 3 meses e que é gay e que não sabe de mim e conto o ocorrido. Pergunto para meu melhor e único amigo da cidade natal, que é médico, se eu poderia ter morrido intoxicado. Ele disse que, dependendo da quantidade de gás, sim. Então pergunto se o ventilador ligado no quarto que durmo, a porta entre a cozinha e o quarto, e o botão esquecido ligado ter ficado no mínimo, evitaram a minha morte. Ele disse que, provavelmente, sim. Aí me toco da gravidade e entro em pequeno estado de choque.
Mandei mensagem para mais duas pessoas. Pedi à minha mãe que não comentasse nada à ninguém. Que só ela e minha irmã soubessem.
Antes de ir trabalhar à noite passou aqui o único amigo que fiz aqui e ele preocupado resolveu passar aqui. Ele ficou na porta de casa e conversou comigo, sendo que eu estava em leve estado de choque. Expliquei que tinha esquecido desde ontem e o que fiz ao perceber o perigo. Ele então disse que poderia ir à noite no serviço dele fazer-lhe companhia. Na verdade, ele queria que eu não ficasse só depois de ter passado por uma situação dessa. Resolvi ficar em casa.
Decidi pedir uma quentinha para jantar e decidi não usar o fogão e nem ligar a luz da cozinha durante a noite de quarta. Essa afirmativa de possibilidade de morte que meu amigo da terra natal me falou me fez sentir o perigo da situação somente lá pelas 20:00 hs. E meio que "cai em mim". Poderia estar morto, pensei.
E, o pior: sei porque esqueci o botão ligado. Provavelmente pela crise que estou passando desde fevereiro de 2012 até agora: não tenho noção de tempo, a memória está fraca, me sinto lerdo, perdi os objetivos de vida e etc.
E sei que tudo isso começo com uma crise de identidade envolvendo minha sexualidade em fevereiro de 2008.
Só não sei porque afetou tantas coisas na minha vida, inlcluíndo o desaparecimento da vontade imensa de modo súbito e inconsciente de cursar medicina, a perda da noção de tempo, a inconstância da percepção do ambiente e das pessoas, incluindo aí a sexualidade, entre outros.
Já sobrevivi muito à morte. Passei 11 dias na UTI e 22 no total  em um hospital em 2009 entre uma e outra crise.
E acho que tenho muita história pra contar, mesmo com 25 anos mal vividos.
E não, não são todas tão tenebrosas assim.

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